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quarta-feira, 13 de julho de 2011

Paredões.


Quando estava quase abrindo o portão, decidiu ir para o parque que estava ali do lado, só a esperando. 
Foram tantas mortes no espaço de um mês. Tantos levados ao hospital. Tantas perdas definitivas.
O caminho de pedra solta fez mais barulho do que devia. Um casal que estava de frente para o rio ficou meio receoso com sua presença/aparência. Ela não se aproximou mais. Parou num banco virado pro nada. 
Na grama extensa, duas pedras lado a lado, que, com certeza deveriam ser as traves de um gol na tarde anterior. 
Ficou ali.
Estava frio pra blusa fina de moletom que usava, mas o frio a fazia sentir cada pedaço do seu corpo-vivo. Isso faz bem às vezes.
O nada lhe remeteu o vazio que cobria com piadas de humor negro. Achava que esse humor é o mais puro de todos. Puro não de pureza, castidade. Puro, de sem intervenções ou adequações. 
Vazio. Foi tomando um espaço grande demais pra ser vazio. Foi enchendo...
Cheio. Ficou. Doeu até explodir em uma única gota.
Desviou seu olhar p cima, e aquela arvore enorme que pendia suas folhas pra ela, a acalmou...
Deitou-se no banco de madeira. a lua cheia dentre as folhas a fez sorrir.
Sorriu e foi esvaziando.
Vazio às vezes é bom.
Ficou sentindo mais um pouco seus ossos tremendo.
Até que decidiu bastar-se e foi andando rápido para o portão sem se importar com o barulho que as pedras faziam.
No quintal, olhou mais uma vez para a lua e sorriu.

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